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Viação Paraíba

Projeto de Interiorização do Cinema
publicado: 05/09/2018 14h29, última modificação: 06/09/2018 19h04

Projeto de Interiorização do Cinema

A Paraíba possui fortes relações com a produção audiovisual, basta lembrar que o curta-metragem “Aruanda” (1960), de Linduarte Noronha, foi realizado na Paraíba e é um dos clássicos do documentário nacional. Outra referência recorrente são as paisagens, quem acompanha a produção cinematográfica brasileira de vez em quando se depara com cidades paraibanas como cenário de produções audiovisuais. O filme “O Auto da compadecida” é a produção mais lembrada, mas a lista com produções realizadas no Estado é bem extensa. 

A população das cidades que acolhem as produções muitas vezes se envolve no processo de realização e acaba trabalhando nas filmagens, mas para que a tradição de produção de audiovisual paraibana continue viva é preciso criar uma população de realizadores de cinema. É nesse sentido que um projeto da UFPB atua desde 2006 promovendo oficinas de criação audiovisual nas cidades do interior do Estado.  

O Viação Paraíba – Interiorização do Cinema ensina, por meio de minicursos realizados durante o ano, noções de linguagem cinematográfica para jovens de municípios do interior do Estado, esses que muitas vezes acabam migrando para os grandes centros em busca de oportunidades. Um princípio do projeto é usar filmes produzidos em pequenas cidades para mostrar a importância de cada pessoa no desenvolvimento socioeconômico e cultural da região. 

Conforme explicou Torquato Joel, coordenador do projeto e realizador de cinema, o intuito do Viação é proporcionar formação crítica sobre a linguagem do cinema, além de despertar potenciais realizadores de filmes através do minicurso que ocorre em toda edição.  Na primeira fase do projeto aconteciam mostras de filmes paraibanos e, eventualmente, nordestinos, seguidos de debates, para que o público tomasse conhecimento da linguagem de síntese do curta-metragem e pudesse refletir sobre as temáticas abordadas pelas obras.

Atualmente a equipe do Viação organiza exibições de filmes produzidos em edições anteriores por outros beneficiados do projeto e traz esses produtores para participar de debates sobre o processo de realização. Nas oficinas esses debates acabam funcionando com incentivo para a criação de produtos cinematográficos locais. 

Já no primeiro ano do projeto, Torquato percebeu a necessidade de outras ações que pudessem estimular os interessados a fazer cinema. Surgiu daí um segundo projeto como desdobramento do Viação: o Jabre - Laboratório de Roteiros Cinematográficos para Jovens do Interior.  As ações do JABRE aprofundam o conhecimento sobre a linguagem de cinema, exemplo disso foi a realização em 2018 de um curso de fotografia cinematográfica. 

“Hoje temos cineastas produzindo curtas em várias cidades. Inclusive, nos últimos anos, a produção do interior tem recebido muito mais prêmios em festivais nacionais do que os filmes produzidos em João Pessoa e Campina Grande. Estamos capacitando realizadores nas pequenas cidades para fortalecer o movimento de produção cinematográfica no Estado, a cinematografia de um lugar se torna muito forte quando tem muita gente produzindo”, declarou Torquato. 

Nos primeiros anos as cidades contempladas com o Viação eram selecionadas por temática, como por exemplo: cidades que já tiveram um apogeu econômico, mas que entraram em declínio; cidades na divisa com outros estados, entre outros. A partir daí era feito um contato com a prefeitura para apresentar o projeto, surgindo então a parceria. Nos últimos anos, com os resultados exitosos do Viação, Torquato contou que já não é o projeto que procura as prefeituras, são elas que procuram o projeto para estabelecer parcerias. 

No ano de 2018 a ação está fomentando a elaboração dos filmes no brejo paraibano, juntamente com o Fórum de Turismo das Cidades do Brejo, composto pelas Secretarias de Turismo e Cultura dos municípios participantes, e a Rede Paraíba em Movimento (RPM), que recebem a ação durante três dias. Até agora já foram realizadas oficinas em algumas cidades do brejo, como Alagoinha, Solânea, Serra da Raíz, Alagoa Nova, Bananeiras e do sertão, nas cidades de Nova Palmeira e Maturéia. O projeto ainda realizará oficinas nos municípios de São João do Cariri, Congo, Pocinhos, Camalaú, Areia, e algumas do sertão e do litoral norte e sul, como Mamanguape, Rio Tinto e Conde.

 Mapa de ações - Elaborado com recursos Google

 

Mateus Jácome nasceu no Maranhão e veio para João Pessoa estudar cinema na UFPB. Na Universidade conheceu o projeto, se interessou e começou a participar. O estudante contou que o Viação é importante por permitir que ele conheça a produção de cinema do Estado e por possibilitar que ele ofereça um pouco dos conhecimentos que adquiriu na graduação nas oficinas ofertadas pelo projeto. “A ação está me mostrando novos caminhos e espaços da Paraíba que eu não conhecia, e me aproximando de novas pessoas, que tem interesse no audiovisual, mas não tem oportunidade. A gente pode se ajudar e criar um novo cenário de sistema de produção audiovisual na Paraíba.”, declarou o bolsista. Além disso, a extensão contribuiu nas produções pessoais do aluno. “Cada pessoa que você conhece de uma cidade diferente dá uma nova perspectiva no trabalho. Quando eu estou preparando um projeto novo já me vem as ideias dessas novas vivências”, declarou Mateus.  

Para Andryelle Araújo, também bolsista do projeto, o Viação foi seu primeiro contato com a prática na área do cinema. De acordo com a participante, o que despertou o seu interesse pelo projeto foi o cunho prático e as possibilidades que ele tem. “O projeto tem uma função muito ampla, desde incentivar a cultura local a tentar extrair o máximo de possibilidades, tanto de quem dá a oficina quanto de quem recebe. É maravilhoso poder ensinar cinema, sou apaixonada por cinema, mas não no sentido glamuroso, no sentido das ferramentas que ele traz para educação, para a cultura, para o turismo, informação e tudo que ele engloba”, esclareceu Andryelle.  

Segundo a bolsista, os beneficiados contribuem muito e, por isso, Andryelle afirma que, a cada viagem, com esse contato proporcionado pela extensão, ela aprende mais do que ensina, que proporciona uma contribuição para a formação humanística. “Na extensão não existe pedestal, tapete vermelho, existe facilitador de ideias. Então facilitamos a ideia deles e tudo flui", explicou a bolsista. 

Um dos beneficiados com o projeto foi o estudante de pedagogia e fotógrafo da cidade de Bananeiras, Leandro Barros, que agora utiliza o que aprendeu na sua graduação. “Tento trazer o máximo do conhecimento aprendido no meu curso, trabalhando com o audiovisual nas minhas aulas para mostrar a importância do cinema paraibano para nossa cultura”, disse ele. Leandro contou que pôde vivenciar de perto a montagem de um filme e descobrir tudo que há por traz de uma produção quando a oficina realizou um curta metragem no município.

Após a passagem da ação, surgiram em algumas cidades cineclubes e eventos relacionados a cinema. Além disso, alguns estudantes que passaram pela extensão mostram os resultados positivos das oficinas: Kennel Paulino (Coremas – PB) e Paulo Roberto (Nazarezinho – PB) com seus curtas premiados respectivamente no Goiânia Mostra Curtas (GO) e no CINEPORT, Ramon Batista (Nazarezinho), Caio Bernardo (Coxixola), com Caetana e Ismael Moura, com Ilha. Já o Metafísica, de Eduardo Gomes (Dona Inês – PB), conquistou o prêmio primeiro plano e menção honrosa no Festival Primeiro Plano (Juiz de Fora – MG), evento exclusivo para jovens estreantes de todo o país.  [links dos vídeos]

Todas as informações sobre as oficinas do projeto e sobre o festival poderá ser encontrado na página da extensão Viação Paraíba. As produções feitas durante a ação serão finalizadas com um Festival de Cinema do Brejo, que acontecerá no início de dezembro em cidade ainda a ser definida e contará com premiações para as melhores produções. 

Registros fotográficos das ações

 

  * Reportagem de Larissa Maia - Bolsista da PRAC (2018)