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Mutirão na vizinhança

Projeto de arquitetura nas ruas e praças
publicado: 26/10/2018 15h12, última modificação: 23/11/2018 17h00

Projeto de arquitetura nas ruas e praças 

Era um local deserto e sujo, “mas agora não é mais”, afirmou Juliana Amaro, moradora das redondezas da Praça da Amizade. O que antes era lixão foi transformado em um espaço de convivência e melhorou a vida dos moradores. “A noite tem muitas crianças brincando, a rua fica movimentada, muitos jovens, donas de casa. Hoje esta praça para mim é ótima. Um canto para batermos papo”, comentou a moradora.

A praça é resultado do Projeto Participativo Mutirão na vizinhança, uma ação de extensão da UFPB, em parceria com a Secretaria de Planejamento do município do Conde, na região metropolitana de João Pessoa. Esse projeto é uma das ações do TRAMA, empresa júnior do curso de arquitetura da UFPB que existe desde 2009. “O projeto é focado nessa ponte entre a Universidade e as comunidades mais carentes. Desde 2016 que o escritório tem avançado tentando, justamente, estabelecer contato com as comunidades para poder ter acesso a população”, expôs Amélia Barros, a coordenadora da extensão.

O projeto Mutirão participativo, que tem como principal função levar soluções de arquitetura para comunidades, é uma ação inovadora, pois trabalha em conjunto com a população e com o poder público local. Ele surgiu de uma demanda do município do Conde de realizar projetos de arquitetura social para transformar espaços que estavam sem uso em espaços de vivência comunitária.

A ação atua junto a Secretaria de Planejamento do município do Conde (SEPLAN) e junto aos moradores da região, que serão os principais beneficiados com as obras. Já foram realizadas a reforma do Museu do Quilombola, a construção da praça da Amizade e agora está sendo executada a da praça Nossa Senhora das Neves, esta já existe, o projeto está viabilizando um espaço de convivência e lazer. 

A revitalização do Museu do Quilombola, que envolveu cerca de 20 estudantes, foi um marco no projeto. Para Ana Lúcia, coordenadora do Museu, a obra foi fundamental porque a forma como foi feita valorizou a cultura local. “A comunidade ganhou muito com isso: um espaço novo e visibilidade”.

Yuri Duarte, um dos representantes da SEPLAN, explicou que a ação é importante por oferecer a atuação de profissionais de arquitetura para um munícipio que possui poucos profissionais nessa área.  “Já tínhamos uma relação com o TRAMA porque eu participei da criação do escritório, então chamamos o pessoal para trabalhar em conjunto.  E ressaltou: “é muito importante ter a comunicação da universidade com as comunidades e com o mundo real”.

Desde o planejamento até a entrega da obra existem muitas etapas. Inicia com a oficina de ideias, um encontro entre os integrantes do TRAMA, secretaria de planejamento e os moradores da região que irá receber a ação. Após a criação do projeto, elaborado com base nas necessidades e preferências da comunidade apontadas na oficina, a obra fica sob a responsabilidade do município, que cuida dos processos administrativos para aquisição dos materiais necessários.

O processo de escolha dos locais que receberão as ações é feito pela SEPLAN, que faz os trâmites legais. O Mutirão se encarrega de planejar e executar a obra, analisando a viabilidade para a realização. Nas ações também são trabalhadas técnicas que não são vistas no curso e arquitetura, como a Taipa e o piso intercravado.

Beatriz Pires é a bolsista da ação e compreende o valor que a extensão agrega na sua vida. Ela explicou que, além de aprender coisas do curso, como desenho urbano e projeto executivo, ganha também o conhecimento da prática com a sociedade. “É importante essa vivência como escritório que a gente aprende aqui e com a população. É uma metodologia totalmente participativa, a gente tem que escutar, ir para rua e ver o que as pessoas pensam daquele espaço e do que elas precisam”, contou a bolsista.

Oficina para construção da Praça da AmizadeOficina para construção da Praça da Amizade
Oficinas de ideias para a Praça da Amizade - Imagens de Valmir Borba cedidas pela equipe do projeto

De acordo com Amélia Barros, o projeto não tem suporte para ter mais de duas ações por ano porque o processo é muito longo. “A gente trabalha uma comunidade em cada semestre, fazemos a aproximação com a comunidade, quando é feita a maquete dos desejos. A gente entra num consenso e desenvolve o projeto tecnicamente”, contou a coordenadora e ainda explicou que uma das maiores dificuldades é articular o transporte dos estudantes, já que as ações são feitas em outros municípios.

A coordenadora explicou que o projeto ainda pode avançar. “Os brinquedos são muito improvisados. Trabalhamos com pneu, madeira. Não é o ideal, mas é o que se pode fazer por enquanto e a gente vai avançando. A comunidade abraça muito a gente, serve almoço, tem uma troca muito interessante e é muito importante para os alunos que aprendem que a arquitetura tem que ter acesso a essa camada social desprivilegiada, é a responsabilidade social da profissão”, declarou a coordenadora.

Vanessa Nunes, aluna voluntária da extensão, contou que valoriza na ação a possibilidade de interagir com a cidade e com as pessoas. “A gente acaba entrando em contato com as pessoas que a gente realmente precisa estabelecer conexão. A cidade é para as pessoas e a gente tem que estar em contato com todo mundo, todas as realidades, para podermos se capacitar melhor como profissional e como ser humano”, contou a estudante.

Além do Conde, o projeto agora colabora com a cidade de Cruz do Espírito, que entrou em contato com o projeto e é a próxima beneficiária com do Mutirão. As ações do município já estão sendo planejadas e devem ser executadas em breve.

A meta para as próximas edições é de conseguir cada vez mais adesão dos alunos, apoio da Universidade e parcerias externas. “A gente tem uma ação limitada por causa dos recursos. Os meninos da ação são uns guerreiros”, afirmou a coordenadora.

As ações do projeto podem ser acompanhadas por meio da página do Facebook e Instagran do TRAMA. Além de divulgar as ações, esses espaços servem para que alunos e representantes de órgãos interessados em participar do projeto entrem em contato com a equipe.

  * Reportagem de Larissa Maia - Bolsista da PRAC (2018)