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Geração de renda e empoderamento

Projetos de extensão da UFPB capacitam mulheres e ampliam a geração de renda
publicado: 29/09/2020 16h56, última modificação: 04/05/2021 17h40
Exibir carrossel de imagens Floricultoras da Associação de Flores Vila Real beneficiadas pelo projeto de extensão “Capacitação, empoderamento e aumento de renda das floricultoras do Brejo paraibano”, desenvolvido em Areia-PB. Imagem cedida pela equipe

Floricultoras da Associação de Flores Vila Real beneficiadas pelo projeto de extensão “Capacitação, empoderamento e aumento de renda das floricultoras do Brejo paraibano”, desenvolvido em Areia-PB. Imagem cedida pela equipe

Projetos de extensão da UFPB capacitam mulheres e ampliam a geração de renda

Um estudo realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), relativo aos anos de 2016 a 2018, apontou que ainda há diferenças de salário entre homens e mulheres no Brasil. Por essa razão, oferecer oportunidades de geração de renda para mulheres é o propósito de alguns projetos de extensão da UFPB . 

Andreza Luana é uma mulher negra, de 19 anos, moradora da Comunidade São Rafael, em João Pessoa. Ela estava desempregada até ter a oportunidade de integrar a equipe da Ecolanches, um empreendimento solidário localizado no Campus I, da UFPB. Com esse trabalho, ela consegue renda para dar assistência ao filho e ainda adquire novos conhecimentos, pois na lanchonete as trabalhadoras atuam em sistema de rodízio nas funções de caixa e de manejo de alimentos.

Assim como Andreza, muitas mulheres foram beneficiadas pelas ações da Ecolanches e puderam contribuir com as despesas domésticas ou mesmo se tornarem independentes financeiramente. Ao lado das mulheres que atuam na Ecolanches está a Incubadora de Empreendimentos Solidários (Incubes) da Coordenação de Educação Popular (COEP/PROEX/UFPB), que desde 2015 fomenta a geração de renda a partir da produção e comercialização de refeições saudáveis.

Como explica Wanessa Santos, pedagoga e técnica da Incubes, as atividades desenvolvidas com a Ecolanches são oficinas, rodas de diálogo e vivências temáticas com o objetivo de gerar melhorias no trabalho e na qualidade de vida dessas mulheres. Para Rejane Carvalho, docente do Departamento de Economia da UFPB, era preciso ir além e garantir também o empoderamento dessas mulheres nas dimensões econômica, social e política.Oficina da Incubes com a Ecolanches_Imagem cedida pela equipe_

Com isso, a docente iniciou em 2020 o projeto de extensão “Emancipação econômica e empoderamento feminino a partir da experiência da Ecolanches”. O objetivo é acompanhar as mulheres para investigar qual o impacto da Ecolanches nas experiências e no desenvolvimento pessoal das trabalhadoras. “A sociabilidade e o aprendizado profissional permitem ganho de autoestima e fortalecimento de identidade feminina, o que contribui para empoderar mulheres em comunidade com fragilidades sociais e de renda”, explica Rejane.

Emerson Ferreira, estudante de Ciências Econômicas e voluntário do projeto, destaca que a disparidade de gênero é um dos fatores que reiteram a relevância da extensão. Para ele, participar do projeto tem sido uma maneira de contribuir para reverter esse cenário e de utilizar os conhecimentos adquiridos durante a sua graduação.

A possibilidade de contribuir efetivamente na vida dessas mulheres é um destaque feito também por quem trabalha em contato direto com os projetos de economia solidária, como a técnica Wanessa.  “O projeto dá visibilidade à Ecolanches, onde as mulheres se sentem valorizadas com o trabalho desenvolvido. Além disso, todos nós ganhamos: professores, alunos, participantes da Ecolanches e familiares”, sintetiza.

Ensinar para empoderar

O projeto “Educação financeira: um caminho para o empoderamento de mulheres vulneráveis socialmente”, do Departamento de Administração da UFPB, também tem o foco na equidade de gênero. Mais conhecido nas redes sociais como “Donas do Bolso”, a extensão promove, através de oficinas teórico-práticas, conscientização econômica para mulheres. As atividades têm acontecido em parceria com a ONG Cunhã Coletivo Feminista, da cidade de João Pessoa.

Como explica a docente e coordenadora da extensão, Thais Firmino, finanças pessoais, empreendedorismo feminino e multiplicação de conhecimentos entre as integrantes da equipe e a ONG Cunhã são as frentes de atuação do projeto. Essas temáticas norteiam a criação das atividades a serem desenvolvidas com grupos de mulheres empreendedoras em situação de vulnerabilidade, como pescadoras de marisco, vendedoras de alimento e produtoras de artesanato.

Reunião do projeto Donas do Bolso_Imagem: Captura de tela cedida pela equipeA ideia desse projeto partiu de Luana Valentim, estudante do curso de Administração, que percebeu uma lacuna nas abordagens dadas à educação financeira. Apesar de a temática ter repercussão, sobretudo nas redes sociais, a estudante percebeu que era uma linguagem que não chegava para todos: “Era irreal tratar somente de poupar e investir, esquecendo que boa parte da população e, principalmente as mulheres chefes de família, vivem com um ou menos de um salário mínimo por mês”, relata Luana.

Para a estudante, o “Donas do Bolso” é uma maneira de ajudar as mulheres a ter autonomia quanto a própria renda: “Buscamos oferecer ferramentas que ajudem essas mulheres a saber que elas podem sim buscar novos caminhos por meio da educação e ganhar poder. E o poder que falamos é sempre sobre o empoderar e se reconhecer como sujeito atuante na sociedade”.

A coordenadora Thais complementa que é um processo de utilizar os recursos acadêmicos para expandir os conhecimentos. “Não procuramos ocupar um lugar de salvadoras, mas sim de mediadoras com ferramentas que possam ser úteis, em um processo muito particular de encontrar a própria voz e fazer ecoar essa força feminina, não só nos grupos de atividades produtivas, como nos demais espaços e círculos de convivência dessas mulheres”.

Renda no Brejo paraibano

A geração de renda e a capacitação das mulheres também é necessidade no interior do estado. No município de Areia, o Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais atua com a extensão “Capacitação, empoderamento e aumento de renda das floricultoras do Brejo paraibano”.

O projeto teve início em 2016, sob a coordenação da docente Naysa Nascimento. Desde então, tem promovido conhecimento sobre o cultivo de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e de flores. A ação acontece na Associação de Flores Vila Real, uma iniciativa já existente de agricultoras da região, mas que estava com dificuldades financeiras e sem perspectiva de crescimento profissional.Projeto Floricultoras do brejo paraibano _ Imagem cedida pela equipe

Para diminuir os custos e dar início às atividades, o projeto incentivou o uso de recursos acessíveis no momento de preparação das mudas de plantas, como garrafas PET e sacos de papel. Durante o cultivo, as floricultoras puderam entender de maneira prática a biologia reprodutiva das PANCs e direcionar os cruzamentos e polinização das espécies.

Segundo a coordenadora da ação, “o conhecimento adquirido pelo projeto proporcionou além do aumento de renda, uma capacitação das produtoras para a aplicação de espécies já conhecidas e de outras comercializadas”. O sucesso da iniciativa motivou a criação, com auxílio da equipe do projeto, do I Festival de Flores de Areia (setembro de 2018) e a Mostra Flores e Sabores (fevereiro de 2020), em que foram apresentados pratos preparados com flores e derivados.

Os resultados do projeto serão também transformados em uma cartilha, que contará sobre a comercialização das PANCs na região de Areia, a importância nutricional dessas plantas e instruções para que o leitor possa cultivá-las.

Umas das floricultoras e sócia-fundadora da Associação Flores Vila Real é Maria das Dores Lima. Ela conta que, com ajuda da extensão no ensino de técnicas de manejo e cultivo das PANCs, o retorno da floricultura só tem crescido. “Agora, nossa produção tem não somente as flores ornamentais, mas também as condimentais e medicinais, como o orégano, manjericão, lavanda, menta, entre outras”.

A Associação, localizada no Engenho Tapuio de Areia, tornou-se referência no Brejo paraibano e é aberta a visitações de turistas. “Hoje, somos dez mulheres trabalhando juntas, tirando nosso sustento e gerando renda, trabalho e desenvolvimento para nossa região”, conta com orgulho Maria das Dores.

 

Reportagem de Ana Lívia Macêdo (Bolsista PROEX 2020), editada por Comunicação PROEX

 

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